domingo, 23 de junho de 2013

O efeito anti-inflamatório do exercício físico


Exercícios realizados de forma regular oferecem proteção contra diversas causas de mortalidade, atuando na proteção contra doenças cardiovasculares, doenças relacionadas à obesidade, resistência à insulina, aterosclerose, diabetes tipo 2,  câncer de cólon ,  câncer de mama, doença pulmonar obstrutiva crônica, síndrome metabólica, entre outras.

Diversas investigações reportaram que a inflamação subclínica possuiu forte relação com estas doenças. A inflamação Subclínica refere-se à presença e extensão de uma inflamação “oculta”ou seja, que não manifesta os sinais clássicos da inflamação - dor, calor, rubor e edema.
Recentemente esta inflamação tem sido sugerida como o fator chave para o desencadeamento dessas doenças.


Benefícios do Exercício físico contra a inflamação subclínica.




O Exercício físico induz o aumento sistêmico de citocinas com propriedades anti-inflamatórias. Assim sendo, atualmente, muito se discute a possibilidade de o exercício físico exercer uma ação anti-inflamatória e ainda, proteger contra doenças crônicas associadas à inflamação.
Tipicamente, a primeira citocina presente na circulação durante o exercício físico é a interleucina 6 (IL-6). Durante o exercício físico, a IL-6 é produzida por fibras musculares por meio de uma via independente de TNF- alpha. (Interleucinas fazem parte de uma categoria de citocinas  envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento de respostas imunes).
A produção de IL-6 estimula o surgimento de outras citocinas anti-inflamatórias na circulação como a IL-1ra e IL-10 inibindo a produção da citocina pró-inflamatória TNF-alpha. O Exercício físico induz supressão de TNF-alpha e oferece proteção contra a resistência a insulina induzida por TNF-alpha. Pacientes com Diabetes demonstram alta expressão de TNF-alpha no músculo esquelético e no plasma. O tecido adiposo é apontado como o produtor principal de TNF-alpha.
O exercício provoca primariamente o aumento da IL-6, seguido pelo aumento de IL-1ra e IL-10 (inibidores de citocinas pró-inflamatórias). O aparecimento de IL-10 e IL-1ra na circulação após o exercício físico também contribui para mediar os efeitos anti-inflamatórios do exercício.
A concepção de que a IL-10 atua como uma molécula anti-inflamatória foi sugerida inicialmente por estudos que mostraram a inibição da síntese de um largo espectro de citocinas pró-inflamatórias por diferentes células, principalmente células da família dos monócitos.
Um grande numero de estudos tem demonstrado que monócitos não são os maiores contribuintes para a produção de IL-6 mediada pelo exercício físico. Contudo, pequenas quantias de IL-6 são produzidas e lançadas pelo tecido adiposo, ainda, estudos indicam que até mesmo o cérebro pode lançar IL-6 em resposta ao exercício.
O marcado aumento de IL-6 na circulação após o exercício físico (sem necessariamente ocorrer dano muscular) torna-se um consistente achado.
O aumento plasmático de IL-6 é relacionado à intensidade e duração do exercício, massa muscular recrutada e a capacidade de resistência do individuo.
Pesquisas de alguns anos atrás demonstraram que a expressão de IL-6 é regulada por meio da contração muscular e que a taxa de transcrição do gene da IL-6 é marcadamente aumentada pelo exercício.
O fato de citocinas pró-inflamatórias clássicas (TNF-alpha e IL-I beta) não aumentarem com o exercício físico indica que a cascata de citocinas induzida pelo exercício físico difere da cascata induzida por infecções.
Dados sugerem que IL-6 possuí efeito inibitório da produção de TNF-alpha e IL-1.
Em conclusão, o exercício físico realizado de forma regular promove proteção contra doenças associadas a uma inflamação subclínica, tal como: aterosclerose, inflamação vascular, síndrome metabólica, entre outros.
Estudos demonstraram associações entre a inatividade física e uma inflamação Subclínica em indivíduos saudáveis, população idosa, como também em pacientes com claudicação intermitente.
Os efeitos anti-inflamatórios do exercício físico podem oferecer proteção contra a resistência à insulina mediada por TNF-alpha.
O grupo de pesquisa do estudo de PETERSEN A. & PEDERSEN, B. (2005), descobriu que a IL-6 e outras citocinas que são produzidas e lançadas pelo músculo esquelético exercem efeito em outros órgãos do corpo humano, podendo ser nomeadas como Miocinas. Assim sendo, eles sugerem que essas Miocinas podem estar envolvidas com a promoção dos efeitos benéficos do exercício físico para a saúde, possuindo um importante papel na proteção contra as doenças associadas com inflamação subclínica.
Para estudar o efeito anti-inflamatório agudo do exercício físico o laboratório deste estudo desenvolveu um modelo de inflamação subclínica por meio de uma injeção de uma dose baixa da endotoxina “Escherichia coli” em indivíduos voluntários, que posteriormente foram randomizados em grupo repouso e grupo exercitado.
Os sujeitos em repouso tiveram os níveis de TNF-alpha aumentados na circulação. Em contraste, os sujeitos que realizaram 3 h de ciclo ergômetro mantiveram estáveis as concentrações de TNF-alpha.
Após o exercício físico os níveis elevados de IL-6 na circulação promovem o aumento de IL-1ra e IL-10. A produção destas citocinas anti-inflamatórias inibe a produção de TNF-apha, como foi sugerido in vitro e em estudos com animais.


REFERÊNCIAS 


PETERSEN, A.; PEDERSEN, B. (2005), The anti-inflammatory effect of exercise. Journal of applied physiology, v. 98, n. 4, p. 1154-1162.

sábado, 22 de junho de 2013

Modelo de periodização para atletas de Potência muscular de membros inferiores.

Esta postagem é um resumo de um seminário apresentado por alunos de graduação do 3º ano do curso de Ciências do esporte da Unicamp.

Disciplina: Treinamento desportivo e rendimento.


Modelo de periodização Anual



Esta periodização consiste em dois macrociclos, o 1° contendo 6 mesociclos  e o 2º contendo 4 mesociclos. Serão priorizadas duas competições durante essa periodização, sendo a primeira no meio de julho e a segunda no meio de novembro.
A estrutura do modelo adotado aproxima-se ao de Matveev (modelo popularizado na década de 50, tornando-se referência para treinadores da época) e tem como objetivo obter 2 picos de performance anual que corresponderão aos dias de competição (julho e novembro).

Considerações Gerais sobre modalidades de Potência muscular


  • Ciclos curtos apresentam resultados melhores na organização anual do treinamento, sendo assim, a aquisição, manutenção e perda planejada podem ser repetidas com mais frequência.
  • A qualidade do treinamento (potência) tem maior importância do que o volume de treinamento (número de saltos realizados) nessas modalidades.
  • No alto nível os atletas devem se submeter ao treinamento específico durante toda a temporada (considerando a escolha dos melhores exercícios, tipo de força, e os objetivos a serem atingidos).
  • Uma capacidade geral para saltadores (forma máxima, resistência de força ou outras) , quando é enfatizada por mais de 8 semanas consecutivas provoca queda no rendimento em testes de potência muscular.
  • Deve haver monitoração dos saltos no treinamento para verificar e preservar a qualidade do movimento produzido.
  • A capacidade física predominante durante as provas de salto é a potência muscular, embora níveis adequados de resistência de força e de força máxima também devam ser desenvolvidos em determinados períodos de treinamento, seja para fornecer os pré-requisitos para o posterior desenvolvimento da potência muscular, seja atuando na prevenção de lesões.
  • A grande redução no volume e intensidade de treinamento nas etapas de pré-competição e competição também encontram respaldo na constatação de que essa conduta proporciona a reconversão das fibras intermediárias (IIa) para o tipo de contração mais rápida (IIb).
  • Para o desenvolvimento da capacidade de potência muscular, torna-se adequado a utilização do treinamento pliométrico, pois este método favorece o recrutamento seletivo das fibras tipo IIb.

Caracterização dos períodos e seus respectivos enfoques



No início, a predominância aeróbia  é alta, com gradativa queda, enquanto a predominância anaeróbia cresce gradativamente ao longo do macrociclo.

Durante o primeiro macrociclo serão realizados:

Período Preparatório Geral – 6 microciclos, sendo os 2 primeiros para preparação aeróbia e os outros 4 microciclos teremos uma mescla de treinamento aeróbio e resistência de força.

Período Preparatório Específico – 12 microciclos, sendo os 8 primeiros microciclos com predominância do trabalho de força máxima, concomitantemente a poucas sessões de treinamento com enfoque no trabalho de velocidade, e os outros 4 microciclos serão trabalhados predominantemente a velocidade, com inclusão de algumas sessões que mantenham a força máxima adquirida anteriormente.

Período Competitivo – 8 microciclos, sendo 3 microciclos para o desenvolvimento de potência muscular, 2 microciclos para o trabalho de força máxima e 3 microciclos retornando aos trabalhos predominantes de potência. As duas ultimas sessões de treinamento antecedentes a competição será o periodo de polimento, assim sendo, o volume de treinamento terá uma queda brusca sendo enfatizado a qualidade das ações que serão desenvolvidas no dia da competição (ou seja, período em que é proporcionado ao atleta uma supercompensação da capacidades que foram treinadas ao longo da periodização, para que a capacidade de potência atinja seu pico de performance).
Primeira competição: Meio de Julho
Durante o segundo macrociclo serão realizados:

Período transitório – 2 microciclos.

Período Preparatório Específico – 6 microciclos, sendo 1 microciclo focado no trabalho aeróbio, 1 microciclo efetuando tanto aeróbio quanto resistência de força, 2 microciclos de força máxima e 2 microciclos de velocidade.

Período Competitivo – 8 microciclos, sendo 7 microciclos de potência e 1 microciclo de polimento.

Segunda competição: Meio de Novembro

Período transitório – 4 microciclos.

Início de outro macrociclo.

Descrição dos Microciclos

Período preparatório Geral
Durante o inicio da periodização é priorizados o volume em detrimento da intensidade, assim sendo, o desenvolvimento da capacidade aeróbia e resistência de força são os objetivos principais deste período.
Torna-se importante neste período desenvolver estas capacidades, pois as mesmas atuarão como pré-requisitos fundamentais para o desenvolvimento de capacidades prioritárias  (potência muscular) assim como amenizarão contratempos futuros como lesões.
O atleta deve dispor de uma boa capacidade aeróbia para suportar treinamentos de alta intensidade com intervalos de descanso relativamente curtos e assim obter uma boa performance durante as sessões de treinamento.
Os microciclos deste período foram organizados de modo a permitir que atleta obtenha adaptações cardiovasculares e metabólicas (cavidade ventricular com maior volume, aprimoramento de enzimas oxidativas participantes do ciclo de Krebs, angiogênese, aumento do volume sanguíneo e aumento do VO2 máximo, entre outros) por meio de alterações na intensidade das sessões de treinamento, obedecendo aos princípios da sobrecarga e da supercompensação.
Para o desenvolvimento da capacidade aeróbia, serão realizados treinamentos contínuos e intervalados de corrida com intensidade variando entre 50% à 100% do limiar anaeróbio. Para o desenvolvimento de resistência de força serão realizados exercícios de saltos [ S ]sendo, pliométricos, de salto em profundidade, saltos horizontais e verticais e saltos unilaterais, assim como exercícios com aparelhos de musculação [AP], com volumes altos (numero elevado de repetições) e intensidade entre 35 à 55% do RM.

Microciclo do período preparatório Geral - 6ª semana

Período preparatório específico

Ao avançar para o período preparatório específico ocorrerá o aumento gradual da intensidade das sessões de treinamento, reduzindo consequentemente o volume do mesmo, assim sendo, podemos dizer que ao utilizar esta estratégia nos aproximamos mais do desenvolvimento da capacidade de Potência muscular.
Durante este período a capacidade de força máxima ganha uma atenção especial, tendo como predominância o seu desenvolvimento. Segundo alguns autores o treinamento de força máxima para atletas de potência deve ser realizado por períodos que não ultrapassem 8 semanas consecutivas, pois pode haver uma reconversão de fibras tipo IIb (fibras de contração rápida) para fibras tipo IIa (fibras de contração intermediária) acarretando em perda de performance (menor desenvolvimento de potência muscular).
Considerando estes postulados científicos, durante os microciclos deste período é incluído sessões de treinamento para o desenvolvimento de velocidade máxima com o intuito de que esta capacidade mantenha-se estável de modo a não comprometer posteriormente o desenvolvimento de potência muscular.
Em relação às capacidades desenvolvidas anteriormente é esperado que as sessões de treinamento as mantenham estáveis.
Período Preparatório Específico - 10ª semana


Período Competitivo
Neste período a prioridade será o desenvolvimento da capacidade de potência muscular em sí.
Para tal, é priorizado exercícios que recrutem o maior numero possível de fibras de contração do tipo IIb, ou seja, exercícios pliométricos e de salto em profundidade, assim como exercícios de musculação para membros inferiores na faixa de intensidade entre 60 à 65% do RM.
A inclusão de sessões de treinamento relacionadas ao desenvolvimento e aprimoramento da técnica neste período torna-se mais frequente, sendo que, ao se aprimorar a técnica de ação exigida na competição, também se desenvolve a capacidade principal da modalidade (potência muscular).
A atenção dada aos exercícios será em relação a sua qualidade, sendo estes exercícios, interrompidos no momento em que a altura desejada não for mais alcançada. Nas duas ultimas sessões de treinamento antes da competição será realizado o polimento com o atleta, para tal, o volume de treinamento terá um decréscimo acentuadíssimo com a intensidade elevada, de modo a causar uma supercompensação no atleta para o dia da competição.


Microciclo do período competitivo - semana antecedente à competição


Período transitório
Como esta periodização foi composta por dois macrociclos, este período torna-se importante para que haja uma perda momentânea de performance evitando dessa maneira um estresse físico e mental no atleta, possibilitando uma recuperação benéfica para o próximo ciclo de treinamento. Portanto, neste período o volume e intensidade total de treinamento caem.

Referências Bibliográficas

BOMPA, T. (2002), Periodização.
MATERKO, W.; DUARTE, M.; SANTOS, E.L. e S. JUNIOR, H. (2010), Comparação entre dois sistemas de treino de força no desenvolvimento da força muscular máxima. Motri. [online]. vol.6, n.2, pp. 5-13.
RONDON, M.; et al. (1998), Comparação entre a prescrição de intensidade de treinamento físico baseada na avaliação ergométrica convencional e na ergoespirométrica. Arq. Bras. Cardiol. [online], vol.70, n.3.
MARINS, J.; LUIZ, A.; MONTEIRO, A. e JESUS, G. (1998), Validação do tempo de mensuração da freqüência cardíaca após esforço submáximo a 50 e 80%. Rev Bras Med Esporte [online]. vol.4, n.4, pp. 114-119.
ALONSO, D. et al. (1998), Comportamento da freqüência cardíaca e da sua variabilidade durante as diferentes fases do exercício físico progressivo máximo. Arq. Bras. Cardiol. [online], vol.71, n.6, pp. 787-792.
ABASS, A. (2009), Comparative effect of three modes of plyometric training on leg muscle strength of university male students. European Journal of Scientific Research. 31(4): 577-82.
BOMPA, T. (2004), Treinamento de potência para o esporte: pliometria para o desenvolvimento máximo de potência. São Paulo: Phorte.


domingo, 19 de maio de 2013

Estresse metabólico e potencias efeitos hipertróficos

Esta postagem resumirá os principais pontos de uma revisão bibliográfica publicada em 2013 pela revista SPORTS MEDICINE. Para maiores informações, acessar o artigo completo.


O estresse metabólico resultante da alta produção de lactato, íons de Hidrogênio e hipóxia muscular, por meio de exercícios com alto volume, aumenta a acumulação metabólica e estimula o músculo a adaptações hipertróficas.
Diversos estudos tem proposto que estresse metabólico induzido através de exercício físico constitui um efeito propicio ao anabolismo muscular.  Alguns estudos também sugerem que a acumulação metabólica pode ser mais importante que o desenvolvimento de força elevada (cargas altas) para a otimização da hipertrofia muscular.
Séries típicas realizadas por fisiculturistas com múltiplas séries de 6 - 12 repetições com o tempo relativamente curto de duração tem demonstrado significante estresse metabólico.
Diversos estudos demonstraram valores mais elevados no crescimento muscular com um protocolo de treino com intensidade moderado comparado a um protocolo de treino com intensidade elevada. Nestes estudos, não houve grandes controles de triagem e equalização das cargas, portanto o método utilizado pode pender á erros de interpretação.
O acumulo de lactato (produto final da via glicolítica) após a realização de uma série de 12 repetições até a falha muscular tem valor reportado em 91 mmol/kg. Após a realização de 3 séries de 12 repetições chega ao valor de 118 mmol/kg. Em contraste ao protocolo de alta intensidade com 90% de 1 RM, com predominância energética  do sistema ATP-CP foi relatado mínimo acumulo de lactato.
Assim sendo, conclui-se que o treinamento de força muscular (protocolo constituído de aproximadamente 3 séries com 90% de 1 RM, com intervalo entre séries de 3 minutos, ou mais) produz quantidades mínimas de lactato, não oferecendo dessa maneira estresse metabólico.
O mecanismo teorizado do estresse metabólico inclui o (1) aumento do recrutamento de fibras musculares, (2) elevada produção hormonal sistêmica, (3) produção local de citocinas musculares (como IL-6), (4) elevada produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e (5) tumefação celular (ou inchaço celular).
Abaixo, cada um destes fatores é elucidado.

Recrutamento de fibras musculares

É sabido que exercícios de baixa intensidade com o volume alto (resistência de força) causam hipóxia local devido à compressão do fluxo arterial e venoso. Esta hipóxia acelera o acumulo de metabólitos no músculo induzindo o baixo pH intramuscular.
Há especulações de que o acumulo de ions H+ inibe a contratilidade e assim, promove o recrutamento adicional de unidades motoras. Alguns outros pesquisadores propõem que a hipóxia induz a ativação de fibras tipo II na tentativa de tentar manter níveis de força necessária. É possível que a combinação desses fatores e porventura outros estejam envolvidos no processo.

Produção hormonal sistêmica.

O hormônio MGF (isoforma da família dos IGF´s, produzido no músculo esquelético) realiza a sinalização anabólica por meio de cascatas moleculares incluindo a PI3K; Akt e mTOR (proteínas moduladores que medeiam a síntese proteica).
A produção de lactato e o acumulo de H+ potencializa a secreção de GH por meio de uma estimulação quimioreflexa mediada pelos  metaboreceptores (receptores localizados no músculo esquelético que envia um sinal aferente devido ao acumulo de metabólitos).
Alguns estudos apontam que independentemente da concentração sistêmica de GH, IGF-1 e testosterona a hipertrofia muscular ocorre somente no músculo treinado, ou seja, caso seja realizado exercício de membros inferiores após treinar o bíceps, para causar maior liberação destes hormônios e potencializar o efeito hipertrófico no bíceps, saiba que, apenas os hormônios produzidos localmente no bíceps que terão o efeito de causar hipertrofia no bíceps, ou seja, os hormônios produzidos pelo estresse metabólico de membros inferiores não potencializam o efeito no bíceps.
Por outro lado, estudos demonstraram que a elevada concentração destes hormônios na circulação sistêmica favorece uma melhora modesta na hipertrofia muscular geral.

Produção local de citocinas musculares

Há a especulação de que o estresse metabólico pode mediar a hipertrofia muscular por meio de citocinas produzidas no músculo esquelético. Entre estas citocinas musculares destaca-se a Interleucina- 6 (IL-6) que pode influenciar a adição de núcleos ao miócito por meio de células satélites.
Um estudo encontrou níveis significativamente baixos de miostatina no músculo plantar de ratos com restrição do fluxo sanguíneo. Em contraste um estudo realizado com humanos reportou que não houve diferenças na expressão do gene da miostatina quando foi realizado o (1) treino Kaatsu – treino realizado com restrição do fluxo sanguíneo e (2) exercício com baixa intensidade sem restrição do fluxo sanguíneo, após 3 horas do exercício.

Tumefação Celular

Diversos estudos tem demonstrado que a tumefação celular (aumento da hidratação celular/inchaço celular) resulta numa maior síntese proteica e causa um decréscimo na proteólise em diferentes tipos celulares (hepatócitos, osteócitos, células mamarias e fibras musculares).
 Uma teoria que diz respeito à fibra muscular aponta que um estimulo associado  ao aumento do tamanho celular pode aumentar a proliferação de células satélites e facilitar a sua fusão na fibra muscular potencializando a longo prazo as adaptações de hipertrofia muscular.
Assim sendo, o "pump muscular" (termo utilizado por fisiculturistas) que se refere ao aumento da hidratação da fibra muscular, pode de fato promover uma resposta de crescimento após um treino orientado para hipertrofia muscular, maximizando este fenômeno.
O mecanismo teorizado é de que o inchaço celular aumenta a pressão contra o citoesqueleto e/ou a membrana celular fazendo com que a célula identifique esta pressão como algo danoso a sua integridade respondendo dessa forma com o reforço de sua estrutura.
O exercício resistido tem demonstrado induzir alterações no balanço hídrico intra e extracelular. A extensão dessa alteração hídrica depende do tipo de exercício e a intensidade do treinamento. O inchaço celular parece ser maximizado quando há grande depleção de glicogênio muscular, ou seja, exercício que tenha como predominância energética a via glicolítica, assim sendo o lactato produzido e acumulado age como um contribuidor primário na mudança osmótica no músculo esquelético.
A depleção acentuada no estoque de glicogênio muscular possibilita a sua posterior supercompensação, assim sendo, indivíduos treinados apresentam um estoque de glicogênio maior do que indivíduos não treinados e em longo prazo, isso favorece a uma maior quantidade de água estocada no músculo esquelético (1 grama de glicogênio atraí 3 gramas de água) mediando um ambiente favorável para ganhos hipertróficos. Esta teoria permanece dormente e necessita maior atenção e estudo.

Considerações Finais

Além de o estresse mecânico causar um efeito no crescimento muscular após o exercício, há atualmente na literatura evidencias de que o estresse metabólico também contribui para adaptações hipertróficas.
Um problema que acontece com as pesquisas vigentes é que dificilmente existe a possibilidade de isolamento dos fatores, ou seja, o estresse mecânico quase sempre é acompanhado de estresse metabólico e vice-versa, dificultando dessa maneira, afirmar quais foram os efeitos isolados. Ainda, este mecanismo de estresse metabólico precisa ser estudado de forma mais aprofundada.
De forma resumida o estudo aponta que a teoria corrente sugere que é necessário um estresse mecânico para promover o crescimento muscular (um limiar acima de 60 - 65% de 1 RM), contanto, de forma a contestar essa afirmação recentes estudos mostrou contradições com esta teoria corrente, demonstrando que treinos a 50% de 1RM com movimentos lentos (3 segundos na fase excêntrica e concêntrica sem fase de relaxamento) mostrou comparáveis aumentos no tamanho muscular com um protocolo de treino realizado a 80% de 1RM (1 segundo na ação excêntrica e concêntrica).
O artigo é finalizado apontando que o conhecimento destes fatores é de grande importância para nossa capacitação profissional e permite que a prescrição de programas de treinamento que possuem a finalidade de maximizar as adaptações hipertróficas respeitem as necessidades, habilidades e fatores genéticos individuais.

Atletas de Ginastica artística de Paulínia aprimoram capacidade física com treinamento resistido.

A ginástica artística no seu âmbito competitivo é uma modalidade extremamente complexa que exige do atleta capacidades aguçadas e bem desenvolvidas para a execução de elementos ou exercícios que constituem uma rotina de apresentação.
Algumas capacidades são primordiais e garantem a harmonia e graciosidade dos movimentos, tais como flexibilidade e alto grau de consciência corporal ou propriocepção que nada mais é que um termo utilizado para designar sinais aferentes enviados por meio de receptores situados no músculo esquelético, articulações e o próprio sistema vestibular (sistema que permite a identificação da posição corporal e o equilíbrio) até o córtex cerebral. Estes sinais aferentes ascendem ao nível cerebral e permitem o ajuste corporal e o controle do movimento. Podemos dizer que atletas treinados possuem este sistema de “feedback” ou retroalimentação refinado devido ao volume, regularidade e especificidades do treinamento.
Mecanismo de feedback: O sinal aferente advindo das articulações e do músculo vão até a
medula espinhal através de potencias de ação deflagrados por neurônios, posteriormente
este sinal ascende até o cérebro, que em seguida envia uma resposta eferente até o músculo
efetor, permitindo dessa maneira o controle do movimento.

Mas além destas capacidades e adaptações de propriocepção mediadas pelo treinamento, a modalidade necessita que o atleta apresente níveis elevados de força e potência muscular para suportar fisicamente as rotinas de treinamento intenso e garantir a performance durante períodos competitivos.
Desse modo, uma forma eficaz de permitir o ganho de força e potência muscular (capacidades exigidas não só nesta modalidade, mas em outras) advém do treinamento com halteres e máquinas que oferecem uma resistência a ser vencida pelo trabalho muscular.
Sabendo a importância de tais métodos a Associação Pauliniense de Ginástica - APG juntamente com a Academia Triade fit proporcionam aos atletas de Paulínia o ambiente perfeito para a obtenção de tais objetivos, com profissionais capacitados e atentos as necessidades dos atletas.
Os atletas de Paulínia seguem uma periodização que objetiva a obtenção de força através de exercícios similares aos realizados na modalidade, permitindo além da força, uma adaptação articular por meio de contrações isométricas, evitando dessa maneira lesões crônicas na articulação do cotovelo, punho e ombro, algo que é comumente relatado por atletas dessa modalidade, devido à compressões e forças externas aplicadas à capsula articular.
Atletas da ginástica artística de Paulínia realizando alguns exercícios gerais.

          Além desta adaptação articular, os atletas aprimoram capacidades específicas da modalidade, como a resistência de força muscular (capacidade de realizar contrações voluntárias por um período relativamente longo de tempo) potência muscular (capacidade de realizar uma força muscular de forma a vencer determinada resistência no menor tempo possível) e força máxima (utilização de um grande numero de unidades motoras localizadas no músculo esquelético pra vencer uma resistência de carga extremamente elevada).
          Um dos objetivos da academia Triade fit - Paulínia é proporcionar aos atletas desta modalidade e também das demais, meios efetivos para o alcance da plenitude física, respeitando a especificidade da modalidade e é claro a saúde e bem estar do atleta.
           Para tal, a academia Triade fit- Paulínia permite o acesso a aparelhos de musculação, assim como aulas específicas que permitem o desenvolvimento de força e potência muscular.
https://www.facebook.com/triadefit.ltda


Para maiores informações sobre a academia, entre em contato ou realize uma visita.

Telefone: (19) 38446318.

Endereço: rua Edvaldo Guidolin, 42, Paulínia – SP.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Hipertrofia do músculo esquelético e sua recuperação


Durante danos ocasionados ao músculo esquelético, seja ele por trauma direto, exercício físico extenuante ou doença genética muscular, mecanismos de recuperação/regeneração são ativados.
Uma resposta inflamatória é desencadeada neste processo de regeneração e posteriormente ocorre a ativação de células satélites (células monucleadas localizadas entre o sarcolema e lamina basal da fibra muscular) que estavam em seu estado quiescente no músculo, ou seja, não ativas.
Diferentes fatores possuem papeis críticos no processo de regeneração muscular, entre eles destacam-se o fator regulatório Miogênico (MGF) e o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF).
Deve-se considerar que a amplitude e velocidade do reparo tecidual dependem da extensão e magnitude que a degeneração tecidual ocorre e que de forma independente a estes fatores, o processo de regeneração muscular segue a respectiva ordem: (1) Reação inflamatória; (2) Ativação de células satélites; (3) remodelamento muscular. (processo simplificado para fins didáticos, pois este processo é extremamente complexo e ainda pouco esclarecido).
Deve-se entender que a resposta inflamatória neste caso é benéfica, pois desencadeia uma série de eventos que terá papel fundamental para o crescimento e reparo muscular. Ainda, vale ressaltar que a supressão do mecanismo de migração de macrófagos (uma das etapas da reação inflamatória) pode comprometer a recuperação muscular e ocasionar necrose do tecido danificado.
Após a ocorrência de dano muscular e o desencadeamento de uma resposta inflamatória há migração de duas populações de macrófagos até o local. A primeira acontece após 24 horas da ocorrência realizando a fagocitose do material danificado e secretando citocinas pró-inflamatórias como TNF-alpha e IL-1-beta.
A segunda migração de macrófagos acontece 2 a 4 dias após o dano muscular secretando IL-10 para amenizar a inflamação. Esta mesma citocina também lança fatores que melhoram a proliferação de células satélites, tal como fatores de crescimento (IGF´s) e fatores miogênicos.
Além desta migração específica de macrófagos, também há migração de neutrófilos após uma hora. Estes neutrófilos aumentam a liberação de radicais livres no local
danificado. Interessantemente, a expressão do fator mecânico de crescimento (MGF) que ocorre após estresse mecânico ocasionado ao músculo esquelético, aumenta a atividade da enzima superoxido dismutase (enzima com ação antioxidante) diminuindo assim a produção de radicais livres pelos neutrófilos compensando e limitando este dano muscular.
De forma geral, fatores de crescimento são secretados no microambiente das células satélites (local do tecido danificado que recebe migração de células satélites) e desempenha um papel crítico para sua ativação.
Durante a regeneração muscular, as células satélites que estavam em seu estado quiescente tornam se ativas após a resposta inflamatória. A partir desta ativação, ocorre o processo de proliferação e migração até o local danificado e sua posterior fusão. A ativação dessas células satélites é potencializada pela liberação dos fatores de crescimento e fatores miogênicos. Vale destacar aqui, que o processo de ativação de células satélites ocorre por diversas vias e que o mecanismo de ativação delas através de fatores de crescimento ainda não é bem esclarecido.
Outros fatores de crescimento (ainda pouco explorados) além da família do IGF modulam a velocidade da reparação muscular. Entre eles destacam-se: Fator de crescimento do hepatócito (HGF); fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF); Interleucina-6 (IL-6) e TNF-alpha. Estes fatores também promovem a proliferação e diferenciação de células satélites, favorecendo a substituição do tecido destruído.
Enfim, fatores de crescimento e fatores miogênicos regulatórios são fundamentais para mediar o crescimento e regeneração muscular mesmo que o mecanismo preciso de ativação de células satélites por meio dos IGF´s não seja completamente esclarecido.

Referência Bibliográfica:
ZANOU, Nadège & GAILLY, Philippe. (2013). "Skeletal muscle hypertrophy and regeneration: interplay between the myogenic regulatory factors (MRFs) and insulin-like growth factors (IGFs) pathways." Cellular and Molecular Life Sciences (2013): 1-14.