domingo, 23 de junho de 2013

O efeito anti-inflamatório do exercício físico


Exercícios realizados de forma regular oferecem proteção contra diversas causas de mortalidade, atuando na proteção contra doenças cardiovasculares, doenças relacionadas à obesidade, resistência à insulina, aterosclerose, diabetes tipo 2,  câncer de cólon ,  câncer de mama, doença pulmonar obstrutiva crônica, síndrome metabólica, entre outras.

Diversas investigações reportaram que a inflamação subclínica possuiu forte relação com estas doenças. A inflamação Subclínica refere-se à presença e extensão de uma inflamação “oculta”ou seja, que não manifesta os sinais clássicos da inflamação - dor, calor, rubor e edema.
Recentemente esta inflamação tem sido sugerida como o fator chave para o desencadeamento dessas doenças.


Benefícios do Exercício físico contra a inflamação subclínica.




O Exercício físico induz o aumento sistêmico de citocinas com propriedades anti-inflamatórias. Assim sendo, atualmente, muito se discute a possibilidade de o exercício físico exercer uma ação anti-inflamatória e ainda, proteger contra doenças crônicas associadas à inflamação.
Tipicamente, a primeira citocina presente na circulação durante o exercício físico é a interleucina 6 (IL-6). Durante o exercício físico, a IL-6 é produzida por fibras musculares por meio de uma via independente de TNF- alpha. (Interleucinas fazem parte de uma categoria de citocinas  envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento de respostas imunes).
A produção de IL-6 estimula o surgimento de outras citocinas anti-inflamatórias na circulação como a IL-1ra e IL-10 inibindo a produção da citocina pró-inflamatória TNF-alpha. O Exercício físico induz supressão de TNF-alpha e oferece proteção contra a resistência a insulina induzida por TNF-alpha. Pacientes com Diabetes demonstram alta expressão de TNF-alpha no músculo esquelético e no plasma. O tecido adiposo é apontado como o produtor principal de TNF-alpha.
O exercício provoca primariamente o aumento da IL-6, seguido pelo aumento de IL-1ra e IL-10 (inibidores de citocinas pró-inflamatórias). O aparecimento de IL-10 e IL-1ra na circulação após o exercício físico também contribui para mediar os efeitos anti-inflamatórios do exercício.
A concepção de que a IL-10 atua como uma molécula anti-inflamatória foi sugerida inicialmente por estudos que mostraram a inibição da síntese de um largo espectro de citocinas pró-inflamatórias por diferentes células, principalmente células da família dos monócitos.
Um grande numero de estudos tem demonstrado que monócitos não são os maiores contribuintes para a produção de IL-6 mediada pelo exercício físico. Contudo, pequenas quantias de IL-6 são produzidas e lançadas pelo tecido adiposo, ainda, estudos indicam que até mesmo o cérebro pode lançar IL-6 em resposta ao exercício.
O marcado aumento de IL-6 na circulação após o exercício físico (sem necessariamente ocorrer dano muscular) torna-se um consistente achado.
O aumento plasmático de IL-6 é relacionado à intensidade e duração do exercício, massa muscular recrutada e a capacidade de resistência do individuo.
Pesquisas de alguns anos atrás demonstraram que a expressão de IL-6 é regulada por meio da contração muscular e que a taxa de transcrição do gene da IL-6 é marcadamente aumentada pelo exercício.
O fato de citocinas pró-inflamatórias clássicas (TNF-alpha e IL-I beta) não aumentarem com o exercício físico indica que a cascata de citocinas induzida pelo exercício físico difere da cascata induzida por infecções.
Dados sugerem que IL-6 possuí efeito inibitório da produção de TNF-alpha e IL-1.
Em conclusão, o exercício físico realizado de forma regular promove proteção contra doenças associadas a uma inflamação subclínica, tal como: aterosclerose, inflamação vascular, síndrome metabólica, entre outros.
Estudos demonstraram associações entre a inatividade física e uma inflamação Subclínica em indivíduos saudáveis, população idosa, como também em pacientes com claudicação intermitente.
Os efeitos anti-inflamatórios do exercício físico podem oferecer proteção contra a resistência à insulina mediada por TNF-alpha.
O grupo de pesquisa do estudo de PETERSEN A. & PEDERSEN, B. (2005), descobriu que a IL-6 e outras citocinas que são produzidas e lançadas pelo músculo esquelético exercem efeito em outros órgãos do corpo humano, podendo ser nomeadas como Miocinas. Assim sendo, eles sugerem que essas Miocinas podem estar envolvidas com a promoção dos efeitos benéficos do exercício físico para a saúde, possuindo um importante papel na proteção contra as doenças associadas com inflamação subclínica.
Para estudar o efeito anti-inflamatório agudo do exercício físico o laboratório deste estudo desenvolveu um modelo de inflamação subclínica por meio de uma injeção de uma dose baixa da endotoxina “Escherichia coli” em indivíduos voluntários, que posteriormente foram randomizados em grupo repouso e grupo exercitado.
Os sujeitos em repouso tiveram os níveis de TNF-alpha aumentados na circulação. Em contraste, os sujeitos que realizaram 3 h de ciclo ergômetro mantiveram estáveis as concentrações de TNF-alpha.
Após o exercício físico os níveis elevados de IL-6 na circulação promovem o aumento de IL-1ra e IL-10. A produção destas citocinas anti-inflamatórias inibe a produção de TNF-apha, como foi sugerido in vitro e em estudos com animais.


REFERÊNCIAS 


PETERSEN, A.; PEDERSEN, B. (2005), The anti-inflammatory effect of exercise. Journal of applied physiology, v. 98, n. 4, p. 1154-1162.

2 comentários:

  1. Ótimo estudo Profº, o exercício como um limitador do processo inflamatório clínico.
    Gostei muito.
    Forte Abraço.

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  2. Bacana Anderson, muito bom esse estudo sobre citocinas anti-inflamatórias produzidas pelo exercício.

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