Diversas investigações reportaram
que a inflamação subclínica possuiu forte relação com estas doenças. A
inflamação Subclínica refere-se à presença e extensão de uma inflamação “oculta”, ou seja, que não manifesta
os sinais clássicos da inflamação - dor, calor, rubor e edema.
Recentemente esta
inflamação tem sido sugerida como o fator chave para o desencadeamento dessas
doenças.
Benefícios do Exercício físico contra a inflamação subclínica.
O Exercício físico induz o
aumento sistêmico de citocinas com propriedades anti-inflamatórias. Assim
sendo, atualmente, muito se discute a possibilidade de o exercício físico
exercer uma ação anti-inflamatória e ainda, proteger contra doenças crônicas
associadas à inflamação.
Tipicamente, a primeira
citocina presente na circulação durante o exercício físico é a interleucina 6
(IL-6). Durante o exercício físico, a IL-6 é produzida por fibras musculares
por meio de uma via independente de TNF- alpha. (Interleucinas fazem parte de
uma categoria de citocinas envolvidas na emissão de sinais entre as
células durante o desencadeamento de
respostas imunes).
A produção de IL-6
estimula o surgimento de outras citocinas anti-inflamatórias na circulação como
a IL-1ra e IL-10 inibindo a produção da citocina pró-inflamatória TNF-alpha. O Exercício físico induz
supressão de TNF-alpha e oferece proteção contra a resistência a insulina
induzida por TNF-alpha. Pacientes com Diabetes
demonstram alta expressão de TNF-alpha no músculo esquelético e no plasma. O tecido
adiposo é apontado como o produtor principal de TNF-alpha.
O exercício provoca
primariamente o aumento da IL-6, seguido pelo aumento de IL-1ra e IL-10
(inibidores de citocinas pró-inflamatórias). O aparecimento de IL-10 e IL-1ra
na circulação após o exercício físico também contribui para mediar os efeitos
anti-inflamatórios do exercício.
A concepção de que a IL-10
atua como uma molécula anti-inflamatória foi sugerida inicialmente por estudos
que mostraram a inibição da síntese de um largo espectro de citocinas
pró-inflamatórias por diferentes células, principalmente células da família dos
monócitos.
Um grande numero de
estudos tem demonstrado que monócitos não são os maiores contribuintes para a
produção de IL-6 mediada pelo exercício físico. Contudo, pequenas quantias de
IL-6 são produzidas e lançadas pelo tecido adiposo, ainda, estudos indicam que até
mesmo o cérebro pode lançar IL-6 em resposta ao exercício.
O marcado aumento de IL-6
na circulação após o exercício físico (sem necessariamente ocorrer dano
muscular) torna-se um consistente achado.
O aumento plasmático de
IL-6 é relacionado à intensidade e duração do exercício, massa muscular
recrutada e a capacidade de resistência do individuo.
Pesquisas de alguns anos
atrás demonstraram que a expressão de IL-6 é regulada por meio da contração
muscular e que a taxa de transcrição do gene da IL-6 é marcadamente aumentada
pelo exercício.
O fato de citocinas
pró-inflamatórias clássicas (TNF-alpha e IL-I beta) não aumentarem com o
exercício físico indica que a cascata de citocinas induzida pelo exercício
físico difere da cascata induzida por infecções.
Dados sugerem que IL-6
possuí efeito inibitório da produção de TNF-alpha e IL-1.
Em conclusão, o exercício
físico realizado de forma regular promove proteção contra doenças associadas a
uma inflamação subclínica, tal como: aterosclerose, inflamação vascular,
síndrome metabólica, entre outros.
Estudos demonstraram
associações entre a inatividade física e uma inflamação Subclínica em
indivíduos saudáveis, população idosa, como também em pacientes com claudicação
intermitente.
Os efeitos
anti-inflamatórios do exercício físico podem oferecer proteção contra a
resistência à insulina mediada por TNF-alpha.
O grupo de pesquisa do
estudo de PETERSEN A. & PEDERSEN,
B. (2005), descobriu que
a IL-6 e outras citocinas que são produzidas e lançadas pelo músculo
esquelético exercem efeito em outros órgãos do corpo humano, podendo ser
nomeadas como Miocinas. Assim sendo, eles sugerem que essas Miocinas podem
estar envolvidas com a promoção dos efeitos benéficos do exercício físico para
a saúde, possuindo um importante papel na proteção contra as doenças associadas
com inflamação subclínica.
Para estudar o efeito
anti-inflamatório agudo do exercício físico o laboratório deste estudo
desenvolveu um modelo de inflamação subclínica por meio de uma injeção de uma
dose baixa da endotoxina “Escherichia coli” em indivíduos voluntários, que
posteriormente foram randomizados em grupo repouso e grupo exercitado.
Os sujeitos em repouso
tiveram os níveis de TNF-alpha aumentados na circulação. Em contraste, os
sujeitos que realizaram 3 h de ciclo ergômetro mantiveram estáveis as
concentrações de TNF-alpha.
Após o exercício físico os
níveis elevados de IL-6 na circulação promovem o aumento de IL-1ra e IL-10. A
produção destas citocinas anti-inflamatórias inibe a produção de TNF-apha, como
foi sugerido in vitro e em estudos com animais.
REFERÊNCIAS
PETERSEN, A.; PEDERSEN, B. (2005), The
anti-inflammatory effect of exercise. Journal
of applied physiology, v.
98, n. 4, p. 1154-1162.